Saturday, January 13, 2024
Você é viciado em rede social?
É possível que já tenha se questionado sobre isso, mas por quanto tempo esse pensamento persistiu em sua mente? Arriscaria dizer que foram apenas alguns minutos. Tendemos a evitar o que está fora do nosso controle, inconscientemente ignorando o que pode nos prejudicar.
No entanto, por que nos tornamos dependentes da rede social?
Como seres humanos, somos naturalmente curiosos, mas também um pouco preguiçosos. Preferimos informações rápidas e de fácil assimilação, evitando pensar demais, pois isso consome energia e atenção - recursos constantemente requisitados no trabalho, na família e nas nossas atividades favoritas. As redes sociais oferecem informações processadas por outras pessoas, ou pelo menos deveriam. Infelizmente, a internet evoluiu para um ambiente onde o lucro muitas vezes supera a verdade. Mentir, difamar e humilhar tornaram-se práticas comuns se isso significar ganhar alguns trocados. E, para o grande público, não importa se a informação é verdadeira ou prejudicial, contanto que sacie a sede intrínseca de informação da nossa natureza humana.
Ademais foi na internet onde o lado mais sombrio da psicologia floresceu, abusando de brechas nos nossos cérebros, nos fornecendo constantemente pequenas doses de dopaminas em jogos com micro recompensas ou vídeos curtos popularizados pelo TikTok. Um método de retenção tão poderoso que vai além do controle pessoal. Não seria exagero dizer que se você não consome este tipo de conteúdo você é inumano. Inumano por superar seus instintos, por aceitar ser excluído da sociedade e não possuir comentários sobre a Quinquagésima Sétima temporada de um seriado de médicos, sobre um vídeo de gatinho ou o episódio novo do pirata que estica.
Além disso, as redes sociais não apenas consome nossa alma, mas, em alguns casos, chega a retirar algo tão precioso quanto a nossa vida. Recentemente, dois casos de suicídio foram atribuídos à disseminação de falsas informações pelas redes sociais. Uma delas chamava-se Jéssica, uma figura desconhecida até ser vítima de falsas alegações divulgadas por canais de notícia independentes, que mais se assemelham a canais de fofocas. As notícias divulgadas alegavam que a mesma teve relações sexuais com um grande influenciador o que levou a mesma ser ameaçada de morte durante semanas.
O outro caso foi de um dos pioneiros do Youtube no Brasil chamado, um rapaz chamado PCsiqueira onde em 2019 foi vítima de um "vazamento" de prints de procedência duvidosa de uma suposta conversa do mesmo declarando ter interesse sexual em crianças. O caso foi investigado durante mais de 3 anos onde não se conseguiu prova alguma do ocorrido os prints convenciam bastante a ideia de um golpe forjado. Entretanto a polêmica falou mais alto e muitos youtubers surfaram na onda de atacá-lo para ganharem visibilidade e durante anos sofreu ataques e incontáveis ameaças de morte onde ao final sentiu-se obrigado a retirar a própria vida. Evento tal onde nas redes sociais foi motivo de comemoração apesar de ser morte de um inocente.
Conclui-se que redes sociais são realmente prejudiciais, semelhantes a um relacionamento tóxico onde ficamos viciados em algo que nos transforma e corrói tanto por dentro. Onde mesmo a beira da morte o vício ainda persiste. Mas as redes sociais fomentam este comportamento ou é apenas a natureza humana?
Eu diria que é apenas resultado de uma sociedade enferma pelo capitalismo, com uma fome por dinheiro, atenção e sensação de pertencimento a qual são incapazes de controlar, uma propaganda de que para ser cidadão você deve ser superior e, de certa forma, desagradável, algo como no livro "1984" de George Orwell, onde “Guerra é Paz; Liberdade é Escravidão; Ignorância é Força”, só que sem a parte da camaradagem.
Pois para os mais atentos, atrás de toda essa fumaça de guerra incessante do que se mantém no "top trending", podemos observar também comunidades inteiras dedicadas a um propósito, trabalho ou tarefa. vemos pessoas se ajudando mutuamente e oferecendo suporte sem receber nada em troca. Algumas fazendo em prol de um bem maior enquanto outras estão apenas sendo "humanos". O mais interessante é que raramente vê-se dinheiro como objetivo destas comunidades. Isto me faz pensar que o problema das redes sociais não são sua ideia inicial ou as pessoas que nela habitam mas sim a necessidade incessante de lucro infinito que fomenta toda a sua forma e evolução.
-Vas
